[Área de Treino] [Kiri] River

 



Com os passos suaves e despreocupados, River aproximou-se do isolado local, onde haviam poucas arvores, um gramado perfeito e virgem, e o encontro com o mar – algo que River estava desejando encontrar a muito tempo desde que chegou na capital, mas nunca teve tempo suficiente para caminhar até ali.

Aqueles dois jovens que o interromperam não eram tão ruins assim, River poderia ter se feito de parceiro para tirar proveito da situação, mas julgou não ser certo fingir ser alguém que não era. A única amiga que River julgou poder ter era a agua – alguém que ele sentiu que poderia amar mais que a própria vida e que ela poderia sentir o mesmo por ele. A mãe natureza sabia o que fazia quando tocava no ombro do garoto e o fazia desejar proteger tudo aquilo. Era o que os conectava.

Sentou-se em cima de uma pedra imensa próxima à costa, dali podia sentir o cheiro da maresia suave que irritava suas narinas e também relaxava sua alma. Cruzou as pernas, tirando os sapatos, precisava sentir a natureza com eles, assim como fazia antigamente. Tocou nos pés, massageando-os suavemente. Estavam mais delicados que o normal – resultado de passar dias sem tocar os pés no chão cru e viver com eles lavados, hidratados e levemente esfoliados. Parecia até pés femininos naquele ângulo. Bufou ríspido. Retirou o casaco e a camisa, deixando apenas a calça larga e a placa ninja decorando seu pescoço suado.

Embora não se importasse muito com as coisas, não retirou da cabeça a diferença significativa que aqueles dois jovens tinha dele em questão de chakra. Ele estava distante de ter aquela mesma quantidade, embora tivesse em mente que número não era qualidade. Mas se o número deles possuíssem qualidade, iria ser um terrível problema para o garoto e fora justamente por isso que ele havia decidido caminhar até ali: ele precisava desesperadamente expandir o próprio chakra, tornar-se alguém visivelmente e espiritualmente mais forte e amplo, e sem sombras de dúvida, aquele local era perfeito para qualquer tipo de treino, principalmente aquele.

Buscou concentração e a encontrou no som das ondas do mar chocar-se nas pedras próximas. Aquela brisa acompanhada com cotículas de agua tornava tudo tão mágico...  E refrescante! Sentir a agua tocar em sua pele e misturar com seu suor o fazia lembrar de coisas únicas que nunca pode ignorar em sua vida, independentemente do tempo. Sorriu verdadeiramente, com tanta suavidade que nem parecia River, mas uma pessoa doce e amável – alguém que ele teve que apagar para sobreviver no mundo humano.

Pensando no tempo, em pouco tempo sentiu seu próprio chakra sentir tudo aquilo que ele tanto reprimia por vontade própria. Sentiu ele dançar aquela valsa fúnebre, lagrimejar pelo sangue cruelmente derramado. Sentiu-o sofrer tudo aquilo que River tentou deixar para trás e vive como se realmente tivesse deixado.

Abriu os olhos e seu mundo parecia luminoso, fluorescente. Aquele era o chakra que ele buscava, mas não podia o tocar. Não se desesperava por isso, amava-o ver, mas sofria por não poder toca-lo. Era a energia da vida, do mar, das plantas, até mesmo do ar. Ele também podia ver seu corpo iluminado pela energia que ele carregava. Era diferente, mas tão similar... Aquilo era o que seus olhos lhe permitiam, e ele se esforçava tanto para aperfeiçoar. Aquilo era apenas uma ilusão.

Encontrou-se fitando o mar, seduzido por aqueles movimentos suaves que lembravam o chakra das pessoas. Impressionado. Até mesmo a cor era similar. O mar era seu mundo, sempre fora. Era a imagem perfeita daquilo que ele estava acostumado a ver a todo instante. Silencioso e misterioso, algo que instigava o rapaz, que o fazia submergir dentro de seus pensamentos mais profundos, mas também o enchia de paz. O chakra não era nada a menos que um pedaço do mar dentro das pessoas, e se fosse transformar isso em outra coisa, River chamaria de sentimentos, como o amor e a amizade, pois era isso que o mar lhe representava. O mar era o único amigo que ele poderia ter.

Apenas era preciso expandir o mar dentro de si, espalha-lo como um rio selvagem pelos membros até alcançar o coração. Era disso que ele precisava, apenas isso. Controlar chakra não poderia ser tão difícil para alguém que vivia o assistindo ao vivo dentro do próprio corpo e de outras pessoas. Não poderia ser tão complicado para alguém que o estudou por toda a vida.

Respirou fundo, fechando os olhos suavemente. A respiração era importante para que pudesse se concentrar apenas no rio que possuía dentro de seu corpo, atingindo a límpida nascente dentro de seu coração. Lá encontrou pessoas que nunca mais iria ver na vida, coisas que viveu e gostaria de ter vivido ao lado de quem amava – mas a vida não o permitiu. Podia senti-lo, podia toca-lo, aquele era o rio de sua alma. O único rio que poderia ser controlado naturalmente pela vontade humana, com uma nascente inesgotável para aqueles que sentiam a alma vibrar com bons sentimentos.

Usando o pouco que sabia sobre o chakra e sua fonte, começou o trabalho de expansão, tentando o ampliar suavemente por todas as suas células, deixando um pouco escapar para que a natureza pudesse sentir um pouco do que o garoto estava se tornando. Do doce ao amargo, e do amargo ao doce, aquele equilíbrio instavelmente perfeito.

Novamente sentiu as gotículas de agua tocar seu corpo – outra onda chocou-se próxima da pedra onde o rapaz estava. Aquilo lhe alimentou a alma. Como se a natureza estivesse lhe incentivando a continuar aquele rio solitário e eterno. Aquele rio chamado River. Sorriu, abraçando aquele sentimento iluminado. E a partir daquilo sentiu-se revigorado conforme expandia o que já possuía, dando espaço para produzir mais em seu interior.

Se era espaço que ele precisava, sentiu-se satisfeito temporariamente. Levantou-se com cuidado, para não perder a concentração interior, e logo saltou para a agua, onde desequilibrou-se suavemente ao encontrar uma onda com os pés. Suspirou, buscando relaxar enquanto tentava equilibrar-se sob as ondas do mar. Se conseguisse manter-se concentrado em seu próprio chakra enquanto concentrava-se para não perder o equilíbrio, poderia finalmente dizer que estava pronto para algo maior, além de suas atuais capacidades.

Lembrou-se da época que não sabia caminhar sob a agua. Precisava nadar e mergulhava grandes profundidades admirando as estruturas naturais, como plantas marinhas e rochas antigas. Embora amasse tudo aquilo, o mundo ninja lhe oferecia grandes vantagens e maravilhosos novos ângulos para tudo aquilo novo que River estava proposto a conhecer. Sentiu a estabilidade na sola dos pés ganharem da correnteza suave, sentiu o equilíbrio e a coragem vencer por aquele instante. Lembranças suaves lhe davam a força que precisava. Era disso que o chakra era feito para o rapaz.

 

Estando sob a água, equilibrando-se sob as ondas suaves e algumas mais densas, tudo parecia perfeito para ampliar suas habilidades básicas. Um ninja não era feito apenas de chakra ou resistência – era necessário saber usar técnicas e até mesmo os elementos ao seu favor em uma batalha, seja lá como ela for.

Olhou para o céu claro com suavidade. O clima estava perfeito, o dia estava definitivamente lindo, porém River sentiu seu coração apodrecer aos poucos, como se nada daquilo lhe trouxesse alegria – isto estava errado. Repreendeu-se mentalmente, resmungando. Não tinha porque haver aquele tipo de coisa dentro do rapaz. Nenhum motivo plausível poderia justificar aquele sentimento pútrido que corroía sua alma. Desestabilizou-se.

Sentiu o corpo afundar levemente, era aquilo que ele desejava? Ser rejeitado seus aliados? Concentrou-se no problema, tocou delicadamente a superfície suave, acariciando aquele fino fio. Não havia nada ali que pudesse ter a força para derrubar o rapaz. Suspirou, olhando para cima, com os olhos cansados, mas destemidos. Sentiu o sangue esfriar nas palmas das mãos – mas sentiu a energia da água também circular pelo seu corpo, vinculando-se com seu chakra natural. Era uma sensação que ele já conhecia. Por muitos anos, o garoto viveu em ambientes com água em abundância, e seu mestre já havia o treinado anteriormente.

Abaixou-se, sentindo a água tocar os joelhos nus, aquele suave choque sempre era emocionante. A água gélida e maleável – do jeito que suas memorias haviam a salvo na infância. Sorriu atrevidamente, mordendo o lábio inferior com delicadeza, cerrando os olhos suavemente.

Podia sentir o movimento das marés – e todo o chakra envolvido com a natureza que naquele instante estavam pelo local. O tipo de energia que ele podia enxergar com os próprios olhos graças a seus olhos especiais. Conseguia tocar naquela energia e senti-la, vinculando-se também com ela, era algo mágico, mas nem tanto – vários ninjas também conseguiam fazer aquele tipo de coisa, mas não com a mesma visão que o rapaz tinha daquilo tudo. Aquela luz...

Ergueu a mão, concentrando a força e o espirito naquele movimento, como se pudesse controlar a energia local. A água levantou brevemente, levantando-a por todo o local. Uma chuva projetada pelas gotas do impacto da água umedeceu o cabelo azulado do rapaz, fazendo-o balança-lo com suavidade, puxando todo o cabelo para trás com a outra mão.

O rapaz pôs a mão na água novamente, e sentiu uma das pernas se desequilibrar levemente – manteve-se concentrado naquela luz belíssima que parecia dançar em baixo de seus humildes pés. Novamente puxou a mão, e dessa vez sentiu o peso da água, como se tivesse puxando todo o oceano para si, mas era apenas aquela energia diferente que era puxada por ele.

A conexão estava feita e ninguém poderia negar esse evento. Olhou para um lado, e fez um breve movimento com a mesma mão, e uma explosão aconteceu suavemente, levantando água, banhando-o com aquela suave chuva. Sorriu. E então, fez um movimento diferente, criando um grande turbilhão que saiu da água, elevando-se para o céu bem em frente ao rapaz que assistiu aquilo animado. Tentou novamente o mesmo movimento, focando-se um pouco mais distante e lá surgiu outro turbilhão, ainda maior que o primeiro.  

Jutsu Treinado:

Ainda podia ver aquela luz correr na água como se fossem pétalas dançando no ar – pensou em coisas boas naquele instante, como se em alguma vida ele tivesse algum vínculo com o ar e as pétalas. Tocou na superfície superficialmente novamente, acariciando-a com gentileza. Mordeu o lábio inferior sensualmente, brincando com a carne entre os dentes. Pensava em alguns métodos vingativos.

Por baixo de seus pés, ele conseguia sentir o movimento dos peixes deslizando e cortando a água de diversas maneiras, vivendo suas vidas silenciosas como deveriam. Livres – invejando River de uma maneira notável. O rapaz cerrou os olhos e mergulhou. Submergindo naquele pranto gélido e úmido.

E na escuridão, guiado pelos raios que atravessavam a superfície e criava um ambiente único e apaixonante. River se encontrou no meio de um cardume. Algumas criaturas pareciam ignora-lo, como se fosse parte do oceano, enquanto outros mais próximos se afastavam. Ao seu redor, apenas a beleza e o silencio lhe acompanhava naquele outro universo. Aquele poderia ser um dos conceitos de solidão ou de paz?

Mas tudo que é bom dura pouco – assim como o ar do rapaz, que sentiu-se forçado a voltar para a superfície, onde jogou o cabelo molhado todo para trás. Começou a levantar lentamente, retirando o corpo da água com um pouco de dificuldade. Sentia um cansaço estranho depois de ficar um bom tempo sem respirar.

Precisava daquele momento e estava feliz de estar sem roupa. Havia agora por todo seu corpo e isso era bom. Simplesmente ótimo sentir as gotas escorrer de seu cabelo e deslizar por suas costas definidas, desaparecer em sua cintura. Quanto maior a conexão, melhor seria o manuseio e era apenas isso que ele desejava.

Ergueu um dos braços, imaginando aquele outro universo bem em baixo de seus pés. O que aconteceria se ele criasse sua própria prisão? Um pedacinho daquele mundo sufocante... Não seria nada mal prender alguém naquela realidade molhada e a ver perder todo o ar, sufocando-se, afogando-se naquela pequena prisão de River. Gargalhou. Sentindo a água deslizar pela sua pele, por dentro das poucas peças que ainda protegiam seu corpo dos raios solares.

Como um rio percorrendo cada curva, o liquido tomou rumo para o braço erguido para o lado de River. Rapidamente uma bolha imensa começou a ser formada em volta do punho do rapaz, que sorria suavemente. A bolha cresceu até um tamanho suficiente para manter um corpo humano sem nem tocar no chão. River permaneceu com aquela prisão vinculada com seu braço até o instante que ele abriu a mão e liberou aquele liquido, que encontrou-se com a água rapidamente após ser liberado.

Jutsu Treinado:

Balançou a cabeça, tentando tirar um pouco da umidade do cabelo. Fora necessário apenas um salto distante para sair da superfície da agua e alcançar uma pedra, e mais outro para encontrar o terreno barroso que dominava a costeira da imensa ilha que alguns consideravam um próprio mini continente, mas para River, era apenas um minúsculo pedaço de terra que o prendia.

Suspirou, lembrando de seu antigo mestre, o velho sábio que o levou para um templo e o ensinou tudo sobre Suiton que o rapaz conhecia e lembrava. As breves batalhas que ambos disputavam no intuito de ensinar o jovem disciplina e o controle do chakra interno haviam sido de grande importância para ele naquele instante. Recordou-se de uma técnica que o senhor sempre usava para impedir o garoto de fazer algo: algo como “Mizuame Nabara”. Gargalhou ao pensar no dia em que ele tentou fugir de um banho noturno e o velho o prendeu naquela gosma asquerosa e o forçou a tomar o banho gelado. Era uma criança muito estranha.

Não poderia ser tão difícil assim, afinal, era a técnica mais simples que o velhote usava. O rapaz concentrou o chakra interior no fundo garganta, e cuspiu para fora, exalando o chakra, mas tudo que conseguiu foi um jato de baba comum. Bufou, decepcionado consigo mesmo. Como podia ser tão burro? O mestre sempre executava dois selos antes de executar a suposta técnica: Primeiro Carneiro e depois Tigre.

Tendo isso em mente, o rapaz repetiu a operação, dessa vez executando os selos antes de tentar exalar aquele conjunto de chakra misturado com a natureza de Suiton. Saiu uma gosma nojenta e pegajosa. Fez uma expressão de nojo ao tocar na superfície da gosma bisonha. Era a replica perfeita da gosma que seu mestre fazia.

Jutsu Treinado:

Enquanto caminhava até uma extensa praia que conhecia desde a infância, River pensava na grande quantidade de opções que a natureza de suiton podia lhe oferecer. Adorava aquela vasta lista que vinha em sua mente... Jatos, Chuvas, Ondas, etc, mas o que mais lhe excitava naquele momento era a opção de poder criar uma nevoa que pudesse tirar a visão das outras pessoas, mas com seu kagura shingan, ele ainda iria poder ver as pessoas. Já havia visto aquela técnica ser executada por um ninja no templo da água. Kirigakure no Jutsu era o nome oficial da técnica.

Lembrava-se exatamente como era executado tal técnica... O homem fazia um único selo, o do Confronto, mas já havia visto o mesmo usar outros três selos rapidamente para executar exatamente a mesma técnica: Boi, Cobra, Carneiro. Concentrou o próprio chakra e a natureza de Suiton que vivia dentro de seu interior e logo começou a exalar uma pequena fumaça da boca, e conforme a soltava, ela se espalhava densamente pelo local, e permaneceu espalhando-se até River não conseguir dar um passo à frente. Parou, sorrindo.

Caminhando pelo véu branco, deslizando a mão naquilo que parecia ser uma nuvem imensa. Sentia-se dentro do oceano: aquela estranha solidão e paz. A capacidade de River aprender técnicas era expressamente curiosa, mas talvez pudesse ser compreendida através do tempo que River permaneceu no templo treinando junto com outros usuários da natureza de Suiton.

Jutsu Treinado:

Sem muito o que fazer, o rapaz deitou na areia da praia após dispersar aquela nevoa. O sol ainda estava alto e deliciosamente quente – acompanhado com uma brisa refrescante. Acabou adormecendo, como nos velhos tempos de menino perdido.

Sonhou com uma mulher de cabelos brancos e sem face, havia penas por todos os lados. Talvez fosse a silhueta de sua doce mãe, perdida no tempo. Ou alguém de grande importância para seu espirito. Ela acariciava seu cabelo, enquanto o rapaz permanecia deitado em baixo de um salgueiro chorão. Podia ouvir a gargalhada suave e feminina dela. Não sabia ao certo quem era, mas já sentia um afeto especial por aquela imagem. Despertou.

Ao longe, uma criança ria. Havia uma família próxima dali. Todos conversavam e sorriam – irritando profundamente o rapaz complexado. E então pegou um livro que estava dentro de uma bolsa, junto com suas roupas. Lá haviam anotações e técnicas escritas por seu mestre – feitas para guiar o rapaz durante o início de sua jornada. Folheou até encontrar um suporto Genjutsu que fazia a pessoa ver algo que lhe faça sentir e sofrer: Magen: Narakumi no Jutsu. Concentrando-se, executou tudo que as páginas diziam, focando-se nas dicas e comentários para a execução perfeita. E então a criança ficou paralisada, olhando para os céus, e então, começou a chorar. River assistia o desespero da criança que corria sem rumo, tropeçando. Os pais entraram em desespero, enquanto o rapaz abria um sorriso largo e sádico.

Jutsu Treinado:

 

Após ser ignorado na sala de missões da capital, River retirou-se daquele local patético, guiando-se para a tarefa mais importante para qualquer um que desejasse força e poder. Treinar havia se tornado o único hobbie do rapaz praiano – talvez fosse a única coisa que lhe restasse naquele pequeno inferninho.

Pisar sob a superfície da agua era reconfortante. Vagando para a eterna solidão longe da costa, relembrando de sua infância solitário antes de encontrar o mestre. Correr sob aquela resistente realidade lhe dava a segurança de ser quem havia se tornado durante todos aqueles anos.

Nunca desativava o Kagura Shingan e isso tornava sua visão sobre o mundo um tanto incomum. Não haviam rostos, apenas luzes que determinavam cada um... Suas quantidades e qualidades, tudo em uma real proporção e era exatamente neste argumento que River sempre poderia tirar vantagem.

Em sua mochila, carregava uma remeça de pergaminhos antigos roubado do gabinete do mizukage – certificado de que ele não se importaria se um gennin pegasse alguns pergaminhos emprestados para se tornar um ninja melhor que provavelmente morreria para defender aquela desprezível aldeia.

Após tanta corrida, chegou a um farol aparentemente abandonado. O local parecia perfeito para um garoto chamar de casa ou qualquer coisa do tipo. Afastado de tudo que lhe causava mal, suspirou aliviado por estar ali.

Sentado em uma das pedras que formava aquela pequena ilha, River pegou o primeiro pergaminho. Era um jutsu que ele já conhecia a partir de seu velho mestre – River semicerrou os olhos, recordando a inteligência e habilidade do mestre.

Não era necessário um selo. Olhando por um lado, era uma técnica um tanto simples e básica para qualquer usuário do elemento agua. O rapaz concentrou sua natureza interior e a exterior – precisava da sintonia de ambas. E então tocou no chão, determinando um local com a mente para a agua ser formada. Seu chakra espalhou-se pelo local, conectando-se com a energia natural. Em seguida, um jato de agua surgiu, despencando-se exatamente no local pré determinado por River.

Jutsu Treinado:

Era estranha a forma como River aprendia facilmente a utilizar os jutsus aquáticos. Geralmente todos eram suplementares – apenas para ajudar em determinadas situações – e ofensivos – para ataques diretos ou indiretos. E apenas por isso, era necessário treinar algo mais defensivo. Ninjas precisavam de um pouco de tudo e como dizia seu velho mestre “se você não pode defender, não tem porque para atacar”. Embora River sempre achasse que era necessário apenas um ótimo ataque para que uma defesa não fosse necessária. Talvez ambos estivessem certos, mas na teoria de River, ele estaria contando com apenas um movimento, apenas com a sorte e isso não era nada inteligente.

O garoto suspirou, pegando outro pergaminho amarelado e empoeirado. Este ele havia escolhido a dedo. Uma técnica defensiva antiga que quase todos os usuários do elemento agua utilizavam. O rapaz leu com atenção todas as escrituras no pergaminho e o arremessou para trás com tamanha indiferença. O mesmo travou-se em uma pedra curva e por ali mesmo ficou, para sua própria segurança.

River pulou na agua, equilibrando-se na superfície da agua, buscando a estabilidade perfeita. Abaixou-se lentamente, dobrando os joelhos para melhor estabilidade. Podia sentir a agua dançar sob a sola de seus pés. Aquela era a natureza do elemento agua lhe atiçando, reconhecendo sua ligação interior com a energia daquela natureza tão especial e intensa – importante para todos. O jutsu exigia apenas cinco selos que o rapaz já conhecia. E em posição defensiva, com os joelhos levemente dobrados, o rapaz executou os selos, e simplesmente soprou e fora como o jutsu dizia, uma imensa parede de agua se formou a partir da agua que era ejetada de seus lábios. E conforme ele virava, a parede se estendia para os lados que ele jorrava.

Jutsu Treinado:

Já estava um pouco tarde para estar naquele local. Em pouquíssimo tempo o sol partiria, e o único abrigo que ele iria arranjar naquele local iria ser o farol. Suspirou um pouco indeciso. Ir para a capital ou passar a noite no farol? Ainda nem havia entrado na estrutura para ver se era segura – mas se fosse, ele finalmente poderia dizer que tem um lar – um lugar para retornar sorridente.

Após alguns minutos em dúvida, o pôr do sol veio lhe prender mais um pouquinho. No horizonte eterno, onde o oceano parecia sem fim, o rapaz encontrou a mistura do roxo, azul, verde, amarelo e laranja. Uma harmonia tão calmante que merecia um quadro – mas River não era pintor, embora as vezes desenhasse as pessoas apenas para judiar delas um pouquinho.

Sentou-se na pedra, admirando aquele belíssimo fenômeno que apenas a natureza poderia lhe oferecer. Sorriu, pensando na imagem que acreditava ser sua real mãe – alguém que nunca conheceu e que talvez já estivesse morta. River sempre fora diferente de todos e não era apenas seu cabelo que deixava isso claro como a beira do mar ao tocar a areia.

Quando a noite caiu, o rapaz entrou dentro do farol, onde notou que a porta estava quebrada, mas o local estava abandonado, embora a luz ainda estivesse acessa, como uma chama eterna. De dia, River não pode notar a belíssima luz que aquele farol oferecia para aquele local perdido no tempo. Nas paredes internas, várias escrituras e assinaturas de pessoas que já estiveram ali enfeitavam e davam vida à aquele lugar. O rapaz sorriu ao ver o que parecia ser de um casal terrivelmente apaixonados. Haviam desenhos também, mas todos incrivelmente feios. Ao caminhar mais um pouco, encontrou uma nota que dizia para a pessoa concentrar a energia na ponta dos dedos, fazendo-o queimar, e assim iria conseguir gravar o que quisesse naquelas paredes guardadas pelo oceano.

E como as instruções diziam, o rapaz fez, e logo notou que parte de seu chakra percorreu por seu corpo, acumulando-se nas pontas dos dedos. Levando aquela belíssima luz em conta, River tocou na parede e percebeu que seus dedos serviam como uma caneta. Sorriu, deixando sua marca ali. “Eu sou um Rio com infinitas bifurcações das quais você nunca conhecerá.” – Uzumaki River.

Jutsu Treinado:

Quando o dia amanheceu, o rapaz levantou com uma terrível dor nas costas por ter dormido no chão daquele farol. Anotou em seu bloco de notas que deveria levar um colchão macio para aquele lugar. Amarrou o cabelo rebelde para que ele não lhe atrapalhasse e comeu algumas frutas que carregava consigo. Nunca saia despreparado – sempre carregava seu saco de dormir e comidas, além de isqueiro e outros adereços uteis para diversas ocasiões inesperadas. Saiu do farol a tempo de contemplar a aurora do novo dia lhe trazendo ótimos planos e um clima agradável para seus treinos diários.

Saltou na direção da agua, equilibrando-se sob a sua superfície. Para aquele treino, ele não iria precisar de um pergaminho. Era algo simples que daria personalidade as suas táticas: clones feitos inteiramente de energia natural – famoso chakra – e energia Elemental da natureza aquática.

Com as duas energias vinculadas com seu interior, o rapaz focou-se em um determinado local onde desejava que surgisse um clone. Iria usar a base que já havia aprendido anteriormente e era considerada básica dentre todos os ninjas: Bunshin no Jutsu.

Já havia visto ninjas do templo criar clones feitos inteiramente de agua, como se fosse clones normais que as crianças aprendiam nas academias. O rapaz bufou para uma vaga lembrança que viera lhe atormentar pro aquele instante – já havia sido enganado por um clone de beleza incomum daquelas que mereciam um quadro à óleo, mas isso era outra história.

Usando a mesma base, uma estrutura idêntica a sua própria surgiu em sua frente. Ambos se encaravam com frieza notável, até que o clone expressou violência com o olhar e logo se desfez assim que o selo fora desfeito, como desejado.

Jutsu Treinado:

Após ter voltado para a capital, River dirigiu-se imediatamente para o hospital, onde assistiria uma palestra e teria aula pratica sobre técnicas médicas importantes para qualquer ninja médico – assim como River era.

Sentou-se na terceira fileira e dali pode ver vários médicos entrarem na sala carregando pranchetas, haviam jovens e velhos, ninjas e civis, todos para assistir aquela palestra. Eram como River: desejavam aprender um pouco mais daquele mundo fatídico de curar e proteger as pessoas. Talvez aquilo entrasse para seu currículo... Imagine, trabalhar no hospital de alguma grande aldeia? Certamente lucraria bastante naquela vida.

Uma médica começou a falar sobre o tal Saikan Chūshutsu no Jutsu. Era uma técnica antiga utilizada para retirar veneno do corpo de algum individuo sem precisar de remédios ou corte direto na estrutura física. A doutora usou um paciente para demostrar como executava aquela técnica e após quase duas horas de pura demonstração, os alunos puderam dirigir até uma segunda sala, onde todos receberam pequenos animais envenenados, com a tarefa de executar a mesma técnica e salva-los da morte certa.

Fora um pouco radical a escolha da forma que iriam fazer a aula pratica, mas não havia outra forma de treinar aquele tipo de coisa sem uma criatura viva envenenada. E assim, todos receberam seus materiais para a retirada e coleta do veneno.

River usou o balde recebido para realizar a coleta, sempre jogando a agua contaminada em um outro balde vazio que havia recebido. Estava indo bem, mas ao olhar para o lado, notou que algumas pessoas já haviam terminado, enquanto outras haviam deixado o animalzinho morrer. A atmosfera não parecia tão suave assim. Vidas estavam em riscos e River só conseguiu relaxar ao ver o passarinho recebido voltar à ativa, voando ao seu redor como se estivesse agradecendo-o por algo.

Jutsu Treinado: