Campo de Treino - Hōzuki Katsu

Saía de meu teste, finalmente era um Gennin, em minhas mãos um papel recebido a mim pelo Jounnin que me avaliara, caminhava até meu local de treino, começaria já a me esforçar para ganhar poder, deveria começar por aquele pequeno pedaço de papel, então enquanto meus passos apressados iam em direção ao meu destino, concentrava meu chakra naquele pequeno objeto branco em minha mão e o encarava esperando alguma resposta, esta que vinha quase de imediato, o papel começava a se dobrar e logo eu entendia o recado. Parava meus movimentos e então olhava para o céu, jogando o papel no chão dizia com um sorriso no rosto.

- Este ficará para depois... Em seguida voltava a andar.

- Nana podia ter desenhado um mapa!

Eram as primeiras palavras que saiam de minha boca quando chegava a meu destino, indignação, havia ficado por horas andando no deserto até encontrar aquele maldito lago. Tinha que agradecer, eu nunca tinha visto tanta água junta em toda minha vida em Suna, instintivamente eu corria em direção ao lago e sem pestanejar pulava, erro meu. Meu primeiro mergulho ia de encontro ao fundo do lago, por sorte eu nunca fora bom nadador para mergulhar de cabeça, então o local mais afetado pelo encontro era peito e tórax, levanta-me a ponto de ver a grandiosa profundidade daquilo, a água batia abaixo de minha cintura, talvez eu tivesse com esperanças demais em querer o fundo do mar em uma pequena aguaceira.

- Ai ai...  Minha voz refletia um certo cansaço, dor e alegria. Sentava-me na beirada deixando meus pés submersos na água. Podia sentir o calor me secando, mas não importava, eu tinha água em abundancia agora.

' Vamos ao trabalho.

Meu objetivo em ir ali era despertar, desenvolver, aprender minha kekkei genkai, aos poucos flashes que tenho de minha infância, sem duvida eu me lembrava dos jutsus que seriam passados para mim, e agora, teria que me esforçar sozinho para aprender. Colocava a mão direita sobre a testa e dava uma olhada para o sol, desejando que ele simplesmente sumisse por alguns minutos, o calor escaldante apenas dificultaria meu treinamento. Enchia minhas mãos com a água daquele lago e dava uma bela golada, bebia mais e mais a ponto de sentir minha barriga estufar de tanta água.

Concentrava-me encarando o nada, esperava conseguir liquefazer meu corpo, transformar-me numa poça, com minhas mãos entrelaçava meus dedos deixando apenas o indicador e o dedo médio apontado para o céu, deste modo projetando o selo do bode, fechava os olhos e começava uma especie de meditação. Concentrava-me mais e nada, o suor descia em minha testa e eu queria simplesmente me fundir a ele, quase sentia inveja daquela gotinha escorregando sobre minha pele. Teimava nessa tentativa, mudava constantemente os selos de forma aleatória, ficava nisso durante quase duas horas, até que minha paciência se esgotava.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH!!!  Indignado, gritava ali sozinho, minha primeira tentativa passava nem perto do meu objetivo.

- Seja a água, seja a água, seja a água (...) Repetia as mesmas palavras constantemente enquanto batia em minha cabeça com a mão aberta. Não demorava até me cansar de acertar-me, começava a balançar meus pés sem nem perceber direito, como uma simples mania de qualquer um que coloque as pernas na água, aquele movimento, ver a água se movimentando, tao natural, tao sútil, eu começava a entender, a pensar, usar minha cabeça para descobrir por que aquilo estava dando errado.

' Eu não me lembro de meus pais fazerem selos para o Suika... Parecia algo instintivo, talvez eu precise sentir isso e não treinar, o poder já está em mim, só preciso me conectar com ele.

Fechava meus olhos novamente, controlava minha respiração e tentava me conectar com meu chakra natural, sabia que ele sofria tanto quanto eu com a escassez do local e começava a sentir minha conexão com a água daquele lugar como se fossemos irmãos, um laço gigantesco entre mim e o elemento água. Não declarava palavra alguma, sentia certa paz e abria meus olhos.

- Uaaaaaaaaau! UHUUUU!  

Meu contentamento vinha de uma coisa, eu não conseguia mais diferenciar minhas pernas daquele lago, sentia como se toda aquela extensão de água fosse "eu mesmo", assim que retirava minha perna então a conexão se cortava e voltava ao normal, tinha que fazer o mesmo fora da água, usando meu próprio liquido interno, tão natural quanto com o lago. Havia encontrado em mim o poder elementar, me conectado com minhas origens e a sensação era ótima, sem falar nenhuma palavra ou fazer nenhum selo, eu me tornava um homem-água no deserto.

Aprendido minha arte principal, minha fonte de poder, só me restava agora adapta-la, aprender jutsus diferentes, coisas que minha memória pudesse me fazer lembrar, e o primeiro que me vinha a mente era um bem simples na verdade, Kawarime, porém este era uma variação, adaptado ao meu clã, logo eu só precisava entender o esquema básico do jutsu e utiliza-lo com o Suika. Como faria para conseguir utilizar o Kawarime? Essa era minha primeira dúvida, eu precisava de algo sendo lançado contra mim, porém eu estava sozinho ali.

 ' Ou talvez...

Deserto é um lugar repleto de certos animais, então eu só precisava encontrar o animal certo, era esse o meu pensamento, uma cobra seria ideal, o bote dela seria perfeito para meu treino, me aproximava do lago e agachava, enchia minhas mãos de água e bebia novamente, reabastecia-me.

Começava então minha busca pelo animal que eu iria importunar. Andava e andava, como sempre meu pior inimigo, calor, atacava-me de todas as direções e quando estava pronto para desistir, ali estava, uma bela cobra, o tipo dela? Eu não faria ideia, obviamente não sou um estudante de animais, mas ela deveria servir, se tinha veneno ou não pouco me importava, eu era feito de água, qualquer coisa só precisaria "regurgitar" o veneno de meu corpo, vantagens.

Ia em direção ao animal e antes de me aproximar ativava o Suika no Jutsu, em seguida deixava minha perna próxima ao animal e gritava em voz alta... - Eeei cobrinha me morde me morde!  Como se ela fosse entender, porém era questão primitiva ela atacar, e logo acontecia, o animal dava o primeiro bote e eu tentava projetar meu corpo para o outro lado, quase fazia um Kawarimi padrão ali, porém percebia o erro e parava o movimento, tentava novamente, sentia o anima chegar perto de minha perto a ponto de sentir as presas entrando em mim. As gotículas de água se deformavam e eu reaparecia em um lugar ao lado do animal, não era exatamente onde eu queria aparecer, porém era um avanço.

- Hahaha seu bicho estupido! Não consegue me morder! Nanaanananana   Falava quase que cantarolando, minha voz estridente e o sorriso no rosto de puro deboche deveriam até me sucumbir num tom de psicopatia perversa, mas de fato me divertia com aquilo.

Ficava por mais alguns minutos tentando acertar o local exato onde gostaria de aparecer, após alguns fracassos eu finalmente acertava e acertava e acertava, dominara o jutsu e agora a pobre cobra deveria estar tão cansada quanto eu, talvez menos.

 ' Apesar de tanto esforço esse bicho estupido não parou de atacar em vão...

Olhava para a cobra e apontava para ela como se a desafiasse novamente.  - Haha isso que é força de vontade hein colega.
Segurava o animal pelo rabo tentando tomar cuidado para que não me picasse novamente, pelos ataques já havia percebido que se tratava de uma cobra não venenosa, porém não queria ficar cheio de buracos, precisava me reabastecer naquele lago novamente e utilizar a cobra mais uma vez para o próximo aprendizado. Deixava minha coleguinha  na beira do lago e então entrava naquela água e me abaixava até me ocultar dentro dela, beberia enquanto submerso e então emergiria saindo do lago.

Lembro-me vagamente de um... Meu braço atravessava o braço de meu pai e então ele me girava no ar enquanto eu gritava, Tarapoo Tarapoo Tarapoo, obviamente era uma técnica para combate, meu pai usava somente para me divertir algumas horas... Essa é a próxima! Procurava um pouco e mais um pouco, então avistava a cobra de antes, indo numa direção contraria a mim.

- Eeei, foge não, não ainda!

Correria na direção dela e então deixava meu braço lá, Suika no Jutsu já ativo, eu só precisava entender a simples ideologia do Jutsu. ‘ Preciso gerar uma força sucção com meu membro, fazendo uma espécie de força contraria do animal para mantê-lo preso a mim. Teoricamente parecia simples, a certo ponto meu poder da Kekkei Genkai, de minha capacidade atual já estava bem treinado e eu o dominava tranquilamente, portanto não era dificuldade para mim fazer tal tarefa. Deixava meu braço e quando a cobra dava o bote.

- Tarapoo!  

Falava tentando imaginar como se eu puxasse o animal para dentro, tentava força-lo a ficar ali, usando mais que a força do meu braço, usaria a força de meu chakra e todo o corpo, uma vez que sendo um homem-liquido, meu corpo era todo um só, eu poderia moldar meus braços a meu desejar, logo era como se eu não tivesse articulações e todo meu corpo fosse um musculo só.  Sem muita dificuldade eu acertava de primeira minha tentativa, talvez pelos vários anos vendo aquela técnica ser executada por meu pai, eu tenha me ajudado a conseguir com mais facilidade atingir o objetivo. Por fim deixava o pobre animal em paz, bebia um pouco mais de água para recuperar o folego e minha energia, em seguida caminhava em direção à aquele enorme amontoado de casas de areia, denominada Sunagakure no Sato.  

Estava de volta a meu campo de treino, meu lugarzinho particular, ou não. Andava em volta do lago que sempre fazia meus olhos brilharem de emoção, sentava-me na beirada dele como já havia feito outras vezes, e então enchia minhas mãos com a água doce dali, levava o liquido até a boca e me refrescava. Estava ali para praticar uma outra técnica, uma de combate muito conhecida por todos Hozuki, o único taijutsu do clã.

Levantava-me e fazia um pré-aquecimento, como se eu precisasse me aquecer neste inferno na terra, porém internamente eu estava com os músculos bem dormentes. Após fazer meu aquecimento, endireitava-me e começava a canalizar minha energia, meu poder com o suiton, minha sintonia com meu eu. O intuito do jutsu era bem básico, redirecionar algumas camadas de água interna para um determinado músculo, como eu sempre pensei por mim mesmo que todo meu corpo era um músculo só, logo eu precisava molda-lo.

Uma vez que possuía o Suika no Jutsu dominado, eu tinha a capacidade de mover meu braço direito para abaixo do braço esquerdo por exemplo, porém não sabia ainda como manter o braço no lugar e fortificar o outro, ou qualquer outro parte liquida de meu corpo que usaria para isso, neste caso, a água em meu estomago. Olhava fixadamente para o lago e começava a me concentrar, podia sentir o chakra emanar de mim devido ao esforço para conseguir aquilo, porém não se tratava de um ninjutsu, nada adiantaria exalar chakra, eu poderia me esgotar tentando, por sorte eu me alertava disso antes de continuar.

- Certo... Então vamos fazer direito, Suika!

Evocava o jutsu que liquefazia meu corpo, tendo em base ele, só precisava utilizar de outra energia para mover-me, concentrava todo poder de meu corpo, meu poder físico e começava a sentir meu esforço gerando resultados quando sentia a água se movimentando dentro de mim, após sentir aquela conexão, meu controle sobre ela ficava mais clara e simples para mim. começava a guiar aquela quantia até o local desejado que era meu braço direito, observava meu braço crescendo a medida que chegava a água ali e então me via deformado. Não demorava para que eu corresse até a área onde ficavam os cactos, chegando lá sem delongas dava um soco poderoso no primeiro que encontrava, via aquela planta sendo partida ao meio e o pedaço voando para alguns metros dali, simplesmente danoso.

- Então este é o Gousuiwan no Jutsu.

Voltando para o lado, reparava em meus passos e via a bandana amarrada em minha perna direita, isso me trazia a recordação do teste e posteriormente da entrega daquele papelzinho elemental, no qual descobria que eu tinha chakra raiton, Nada mais justo que treinar um pouco esta pratica, por já ter experiência com elemento, eu poderia facilmente me conectar com o chakra, porém tinha um problema, eu não sabia exatamente como funcionava nenhum jutsu Raiton, essa era minha principal restrição para o treinamento, porém não iria me desanimar, pensaria em alguma coisa, quem sabe acertaria e assim faria um jutsu já criado sem nem saber da existência dele.

- Vamos lá... Pense... Eu sei que você vai pensar em alguma coisa, é um cara esperto.. Vamos...

' O lago!

Estava sempre usando aquelas águas para treinar, podia praticar nelas mesmo, por que não?

' Talvez se eu puder eletrocutar o lago, enxergar as ondas de choque percorrem por ele até se dissiparem...

Encarava aquelas águas como se fosse um inimigo, me aproximava e agachava-me bem próximo ao local.

- RAITON!

Enfiava as mãos na água e aguardava, infelizmente não seria tão fácil assim, precisaria imaginar o meu desejo, direcionar meu chakra para aquilo, faze-lo sair da ponta de meus dedos, e não simplesmente gritar. Fora burrice minha primeira tentativa, a segunda me concentrava melhor, olhava toda a extensão daquela água, mas tudo não me importava, voltava meus olhos para minhas mãos, me concentrava na ponta de meus dedos e tentava deixar fluir, aos poucos sentia a vibração do choque em meus indicadores, respectivamente os outros dedos, o poder ia se intensificando, a cada solavanco de choque eu me sentia mais inspirado a conseguir, por mim fechava meus olhos e dava meu ultimo impulso espiritual. As ondas de raio percorriam alguma extensão do lago, cada feixe de energia percorrendo para uma direção aleatória, aquele lago estava eletrificado e qualquer pessoa que entrasse ali levaria provavelmente um grande choque, ao menos durante algum tempo, após ele deveria voltar ao seu estado normal e seguro.

- VAMOS TESTAR!!! Empolgava-me quando ao olhar para o lado via uma cobra rastejando por ali, provavelmente a mesma que eu usara para treinar, meu sadismo não me deixava nem sequer ter pena do animal, corria pegando a criatura pela cauda e em seguida simplesmente a lançava em direção ao lago.

' Aquela fumacinha quer dizer que torrou né? Com um sorriso no rosto encarava esperando alguma coisa, o que esperava nem eu mesmo sabia, mas ficava ali ainda encarando, por fim virava-me de costas e começaria a andar em direção as casas de Suna dando óbito para a pobre cobra.