Teste Gennin - Yuzu

Eu nunca perdia a mania de levantar antes do sol. As cores vibrantes que a estrela regente trazia consigo todas as manhãs para tingir o céu era minha motivação. Naquele dia, tomei o caminho para o campo de treinamento e ainda estava meio escuro. Não me importava de esperar o treinador até às sete, tinha certeza de que acharia alguma coisa para me distrair com. Passei a mão nos meus fios negros meio emaranhados, arrumando a franja, ainda contemplando o rosa pálido se transformar em um laranja de tirar o fôlego. A luz crescente derramava-se pelas copas das árvores até finalmente tocar meu rosto suavemente morna. Estava com minha foice em punho, as lâminas reluziam vivas. Parecia que eu tinha acabado de ceifar uma vida.

— Já faz um tempo... — Comentei, perdida na superfície de meu reflexo.

As memórias invadiram minha mente, fazendo-me viajar. Os minutos foram correndo depressa, a manhã se levantava graciosa e cheia de energia, os pássaros começavam a cantar. A claridade me fez abrir os olhos. Pensei estar perto da hora, então me aprumei. Mais uma vez, pacientemente, retirei as madeixas que teimavam em cair em meu rosto com a brisa e esperei mais atenta. O cheiro de orvalho fresco pairava sobre o campo, a grama balançava e a face do lago tremulava. Percebi alguém aproximando-se perto da entrada do campo, e virei para avistar o indivíduo. A silhueta se aproximava cada vez mais e então eu percebi que já ia iniciar o teste. Permaneci em silêncio, esperando sua sentença.

O véu azul turquesa estendia-se até o horizonte, limpo, sem uma nuvem sequer. Apenas a luz branca e brilhante que subia gradativamente em direção ao seu meio. O dia estava razoavelmente quente para a primavera, eu já sentia a incidência do calor aquecer meu corpo e fazer pequenas gotas de suor brotarem em minhas têmporas. Ouvi a moça se pronunciar brevemente, sem tirar os olhos dela. Percebi que trazia consigo uma prancheta para fazer anotações, todavia eu não entendi como pretendia me enfrentar com as mãos ocupadas. É tão auto confiante assim? Não que eu me importe, mas não deixava de ser... estranho. Me pus em sua frente conservando a distância, ainda mantendo meu silêncio. Não gosto muito de me comunicar com as pessoas, isso sempre acaba em situações ruins. As lâminas cortaram o ar com meu movimento repentino, segurando seu cabo com a destra, posicionei a canhota mais recuada, logo disparando em sua direção. Como boa observadora do céu e do tempo, aproveitei a vantagem da colocação do sol naquele momento. Saltei de forma que, se ela olhar diretamente, a luz limitará sua visão e a sombra ocultaria possíveis movimentos secundários, caso não olhasse diretamente, correria o risco de sofrer um golpe de minha foice. Com o plano em mente, movi a arma para cima, afim de desferir um golpe decrescente na examinadora.