Mais uma tarde tediosa passava. O sol ia se pondo através da janela atrás de Yusuke. O mesmo como sempre, estava sentado atrás de sua mesa cuidando de todos aqueles incontáveis papéis burocráticos. Classificava algumas informações novas, avaliava petições, aprovava requerimentos e também designava algumas missões. De quando em quando aparecia tarefas que se destacavam entre as demais, estas que por seu grau de complexidade eram classificadas com um alto Rank e repassadas para Shinobis de nível igual. Usualmente não havia problema. Mas desta vez houve.
Uma tarefa de Classe S e urgente havia aparecido, a Vila já estava sobrecarregada de sua cota de missões, não havia um ninja sequer disponível para tal, e devido sua demanda imediata o Kage se viu no dever de toma-la para si. Ou talvez fosse apenas uma desculpa qualquer para que o mesmo escapasse por um tempo de toda aquela chatice de escritório.
Levantou bruscamente da mesa, quase como um salto, já com o pergaminho em mãos. Tomou um ar sério e determinado por um instante, mas logo foi quebrado por uma repentina dor em sua coluna. Fazer movimentos bruscos logo após tanto tempo parada não fazia bem. Pegou seu casaco de Kage e saiu pela porta andando o mais rápido que podia. Já havia arredado o pé do gabinete com o mesmo ânimo de quando aceitou à missão, por um instante parecia ter se esquecido de o quanto era preguiçoso. Mas não fazia diferença, seu corpo não iria esquecer de lembra-lo. Havia nem meia hora que partirá e seu corpo já pedia descanso. Sua cabeça latejava e seus pés pareciam inventar calos para parar. Era incrível como o tempo agia. Nunca foi do tipo super-ativo e animado mas também jamais achou que um dia se veria nesta situação mórbida.
Já havia começado a pensar e repensar em voltar inúmeras vezes, e o teria feito, se não houvesse de ter encontrado um pequeno estabulo antes ali próximo, talvez descendo algumas centenas de metros pela estrada principal após o portão da Vila. Sim. Havia caminhado apenas alguma fração de quilômetro. A culpa não era apenas de seu estado físico péssimo, mas o maior problema era o fato de ser sido muito repentino, não houve tempo de preparação. Mas não podia reclamar. Já fazia tempo que estava pedindo por isso.
Durante a viagem à cavalo, tomava o tempo restante para analisar a missão. Teria que buscar e transportar um pacote muito especial, se tratava do corpo sem vida de um adversário. Não sabia sua identidade, mas sabia de sua importância. Este homem além de conter segredos ninjas também poderia revelar segredos estratégicos sobre a vila rival. Dependendo de como se sairia hoje a disputa de poder poderia pender para algum lado. Não podia falhar.
Puxava também um mapa de sua mochila, com ajuda de um marcador, um compasso e uma régua conseguia traçar a melhor rota para o centro de pesquisas. Também tomara liberdade para desenhar alguns perímetros e locais chaves com base no relevo, tentaria evitar e até mesmo contornar pontos em que podia-se facilmente criar armadilhas e emboscadas. Todo cuidado era pouco. Como era tipico de seu clã, mais de um plano se esboçava em sua mente, era como se eles se desenhassem em sua cabeça automaticamente. Guardava os itens. Tomava um longo gole de água e parava o corcel já desmontando do mesmo. Estava há uma curta distância do objetivo, não podia arriscar de ser ouvido através do barulhento trote do animal. O amarrava firme em uma árvore solitária o deixando sobre a sombra da mesma, era bom deixa-lo descansado e preparado, pois poderia vir à ser útil de novo.
Chegou ao destino.
Adentrava à densa floresta sem ternura, compaixão ou remorso. Era um ninja. Frio e calmo. Estava disposto a fazer qualquer coisa à seu alcance para concluir esta missão. Por mas que não fosse de sua conduta, não hesitaria nem por um segundo em tirar uma vida inimiga.
Corria em direção ao ponto de encontro. Saltava sobre galhos e escorregava embaixo de raízes
parecia o Jorge rei da floresta tão rápido que olhos desatentos o perderiam na paisagem. Por mais ofegante que começava a ficar, não deixava sua respiração falar. A segurava. A trancava a sete chaves. O silêncio era tão importante quanto à velocidade para uma missão discreta. A floresta era fechada, os galhos e a folhagem eram imensos e possuíam a coloração bem esverdeada. Era dia lá fora, mas parecia noite ali dentro. Pouca luz conseguia atravessar aquela vegetação rústica, apenas pequenos feixes adentravam pela brechas acima. Não chegava à ser um empecilho, cresceu brincando pelas florestas de sua aldeia, aquilo lhe era comum.
Chegou ao alvo apenas poucos minutos depois de sua entrada, estava há dez metros do mesmo mas não se mexeu, nenhum movimento brusco saiu do Nara. Estava ali de pé e parado, apenas observando e escutando a natureza à sua volta. Estava seguro. Parecia ter conseguido chegar antes dos demais ninjas.
Fez uma rápida analise do local, haviam armas ninjas jogadas em várias direções e dois corpos caídos. Se tivesse que deduzir diria que dois clãs rivais se cruzaram por acaso e travaram uma batalha onde nenhum saiu vencedor. Não se importava realmente. O problema dos outros não lhe interessava. Pegou o corpo que viera buscar e partiu. Ainda teve tempo suficiente para deixar uma distração para os próximos que chegarem ali. Deixou um tronco que assumiu à exata aparência do homem morto, mas este contia uma surpresa arrebatadora. Literalmente.
Assim como atrasaria seus adversários, também serviria para ter uma noção da distância que estavam através do barulho da explosão.
Um, dois, três, quatro
todo mundo joga as mãos para o altooo altooo minutos foi o tempo que levou para sua cilada funcionar. Podia ouvir o som do
É UMA CILADA BINO selo explosivo ecoando pelo alvoredo. Estavam há alguns quilômetros de si. Julgando pelo tempo que levaram para chegar até ali, com certeza haviam parado para deixar algumas armadilhas pelo caminho. Já estava cauteloso com cada passo que dava, um movimento em falso e poderia ser seu fim.
Já fazia um tempo, agora estava apenas há alguns minutos de distância do laboratório secreto, mas algo estava o incomodando. Um barulho de grilo aborrecia seus ouvidos. Parou de correr subitamente. Girou sua visão - e ouvidos - em todas as direções procurando a fonte do incomodo. Achou. O som vinha de quinze metros dali, escondido e um pouco abafado atrás das raízes de uma grande árvore. Sacou duas kunais com selos especiais e as enviou em direção ao pequeno inseto. Explodiu o ninja que se escondia ali.
Uma coisinha sobre esta floresta:
Ela é gigante. Tudo nela é grande.
Ela é densa, escura e perigosa.
Ela é selvagem e possuí
todos os tipos de animais gigantes
e temíveis que você pode pensar.
Mas ela não tem grilos.
Deveriam ter feito o trabalho de casa antes de partirem para uma região desconhecida. Amadores. Por mais próximo que estivesse, havia perdido muito tempo com este pequeno atraso imprevisto. Não podia correr o risco de revelar a localização do local secreto para os ninjas rivais. Ordenou então que seus cachorros, juntamente com um clone, terminasse o serviço de entrega. Yusuke ficou ali então. Iria garantir que nenhum ser passasse com vida deste ponto.
Não demorou mais do que uma dezena de segundos, estavam todos ali diante do Kage. Uma duzia de Shinobis haviam chegado. Pararam há quinze metros de si. Uma kunai foi atirada ao chão bem no meio da distância em que se encontravam. Junto dela vieram palavras desferidas pelo Nara,
- Aqui é o ponto final para vocês. Eu me chamo Yusuke Nara Criolão das nights e sou Hokage de Konoha. Agora que já me apresentei posso lhes enviar em paz para o outro mundo. - Suas palavras foram calmas, mais frias e secas. Sua voz soou rude e ríspida, parecia cortar os ouvidos de seus oponentes. Mais que isso. Parecia lhes cortar a alma.
Sete ninjas recuaram o mais rápido que conseguiram, foram embora. Outros dois tremiam feito vara verde, estavam completamente paralisados de medo. Outros dois pularam ao mesmo tempo em cima de Yusuke enquanto o último vinha logo depois.
Eram corajosos.
Mas apenas à coragem não basta.
Os dois primeiros foram arrebatados com um único golpe. Um chute horizontal que os arremessou diretamente para uma árvore há sua esquerda. Inconscientes. O terceiro foi mais cauteloso. Sacou uma katana e conseguiu trocar uma dezena de golpes com o Kage antes de também ser abatido. O som agudo dos metais frios se chocando pareciam ter trazido de volta um dos ninjas paralisados (ou seria o medo da morte?), tentou se virar mesmo sem jeito, mas Yusuke era veloz, era muito veloz. Em um piscar de olhos ele estava no meio de ambos e apenas uma fração de segundos depois os últimos dois também estavam caídos ao chão.
Prosseguiu sem pressa para o local, afinal, tinha toda certeza que ninguém mais o seguiria.