Teste Chunnin

Não fazia muito tempo desde que tinha chegado aquela vila, mas já se sentia como se fosse a sua casa, uma forte nuvem tampava o sol acima de sua cabeça, estava no pico de uma das montanhas medianas da vila, era ali que havia sido marcado o seu teste, o segundo que iria realizar naquele ano, e tinha sido um ano deveras longo, missões conturbadas surgiram a todo momento e após tantas finalmente se tornou elegível e pode solicitar um teste Chunnin.

Agora estava ali, não podia sentir o sol mas sabia que ele estava lá em cima, e ficou parado no local esperando o seu avaliador, o seu segundo algoz de uma longa estrada.

A introversão de Frank sempre fora uma de suas características mais marcantes, ter como avaliador uma pessoa escandalosa como aquela o fazia se sentir estranho, até mesmo deslocado, de um certo modo. Sem dizer nenhum comentário, em relação a maria bonita, correu na direção de seu avaliador, assim que se aproximou o suficiente o jovem se abaixou e tentou aplicar uma rasteira giratória no avaliador, e como movimento sucessivo um chute no mesmo, saltou então três vezes seguidas para trás, enquanto disparava agulhas de sua boca, quando atingiu uma distancia aproximada de 3,95 metros realizou alguns selos de mão, criando um redemoinho debaixo do avaliador, tendo o redemoinho como objetivo principal, suga-lo para debaixo da terra.

Como esperado de um avaliador, os simples ataques de Frank não surtiram nenhum efeito, e agora ele balbuciava palavras estranhas e regionais, não era fácil de entender como aquele ser com físico de um calango no deserto, aparentando desidratação conseguiu disparar ondas tão gigantes, Frank permaneceu parado, aquela imagem de ondas surgindo ao horizonte trazia memorias a muito esquecidas, antes que as ondas o alcançassem crio em sua frente um muro feito de terra, e se aproximou até entrar em contato com o mesmo, para que as ondas colidissem com o muro, e caso o contornassem, não chegassem a toca-lo, quando as ondas acabaram, o muro caiu no chão devido a umidade adquirida, todo o local estava marcado pela inundação que o jutsu havia causado.

Não havia como correr sem ter a velocidade prejudicada pela inundação, então, Frank se aproveitou daquele pequeno instante de vantagem e lançou em direção a seu oponente uma única Kunai com papel explosivo grudado em seu cabo e então para se livrar da água, o rapaz esticou seu braço e escreveu no ar, uma atitude aparentemente sem razões, mas quando um enorme buraco surgiu, novamente abaixo do avaliador, desta vez mesmo que seu oponente não caia no buraco, a água iria se dirigir a ele, formando uma especie de piscina, acabando com a inundação do local.

Sofrer a inconsequência de lutar despreparado, não era atoa que as falhas ocorriam e delas as pessoas se tornavam então superiores, o ar de espanto diante do inesperado depois de mais urros sem sentido tomou conta de Frank, um olhar diante de um grosso dedo, demarcado pelo sol e trabalho e tudo estava perdido, não haviam mais esperanças, todo aquele local sumiu, enquanto Frank tentava descobrir que tipo de ninjutsu era aquele com o qual se deparava, remover do local uma arena e interpor uma floresta tão familiar, caminhou por ela seguido pela constante sensação de pavor que o seguia desde que tinha chegado naquela estranha terra, ao ouvir uma doce gargalhada, tão suave quanto seda, correu atrás dela, mas o horizonte se engrandeceu, e a luz no fim das árvores que dava a gargalhada, embora tão próxima ficava cada vez mais inalcançável, foi quando atingiu o limite de suas forças e apoiou-se em seus joelhos que finalmente conseguiu chegar ao final daquele corredor de árvores, não havia nada além de uma casa em chamas, uma gargalhada se transformando em gritos de terror, enquanto o pavor crescia tão grande, e o medo tomava conta de suas pernas, ninjas de todos os lados, um ou dois deles manchados de sangue, carregavam pesadas armas de aço, notaram a presença do rapaz, ele desconhecia aquela memoria, ele desconhecia aquele jutsu, não conseguia pensar em algo tão poderoso a ponto de dobrar a realidade daquele jeito, um ar frio e gélido tomou conta do local, e a gravidade aumentou a um nível muito superior aos 10 m/s² comuns, sentiu um leve toque no ombro, não se virou, sabia que era a morte em pessoa, estava ali para acompanha-lo, escutou palavras soltas e perdidas, que mal formavam frases mas se faziam entendidas pela constante repetição de "sobrevivente", "bebe", "escapar" e "desta vez", só então se deu conta de que não havia ninjas atrás dele, poderia correr de volta para a floresta, mas as pernas de Frank já não funcionavam, e sua mente ia pouco a pouco ficando mais lenta, enquanto a sensação pulsante em seu peito aumentava, perdeu os movimentos do braço esquerdo, e experimentou pela primeira vez a sensação de um ataque do miocárdio fulminante.

Frank estava de volta na floresta, não sabia como tinha voltado do mundo dos mortos, mas tinha feito, suor frio escorria de seus poros, caiu de joelhos, enquanto ouvia mais uma vez a doce risada se transformar em gritos, sentiu o cheiro de fumaça, e desta vez os ninjas o acharam, não estavam apenas sujos de sangue, carregavam três cabeças, não reconheceu nenhuma, mas aquilo tudo lhe causava uma sensação de enjoo e dores de cabeça, sentiu seus olhos pulsarem, podia sentir cada segundo, seus olhos sangraram, e desta vez, não só morreram os que lhe eram próximos, mas também perdeu a sua visão, os seus olhos, perdeu tudo.

Voltou mais uma vez a floresta - Não pode ser real, não pode ser real! - gritou e esperneou, sua visão estava de volta, mas ao longe a mesma gargalhada se transformava em gritos, como um disco quebrado, só depois de muitas repetições se deu conta que estava em um genjutsu, a sensação de medo e constante perseguição, lhe enchiam de um turbilhão de sentimentos, todos eles negativos, todos eles apavorantes, naquele momento, percebeu que estava fadado a repetir a sua própria morte e a daquelas pessoas até que sua mente se exaurisse de toda a sanidade, não disse mais nada, assistiu aquelas repetições calados, apenas se ajoelhou e rezou, queria que o matassem logo, ou que o tirassem dali, desamparado  e fadado a repetir aquelas cenas diversificadas e apavorantes por toda eternidade, ficou apenas rezando, para que tivessem piedade da sua alma.