[Área de Treino] [Suna] River

 

Após ter completado a operação da Kazekage, e independente do resultado, ter recebido o belo presente de três lâminas vermelhas de tamanhos diferentes que poderia ser chamada de foice ou ceifador – mas River a batizou como “Kookai” ou “Mar vermelho” – mesmo nome que iria escolher como ANBU.

Nas últimas semanas, a moça havia se encontrado muito focada apenas em jutsus médicos e elementares. Esquecido que ela como ninja podia ser bem mais do que aquilo que estava tornando-se para vila: um mero faz-tudo pau mandado da Kazekage – se bem que, aqueles últimos serviços, mesmo cansativos, haviam sido bem recompensados e estimulantes. Lembrava-se de ter ouvido a Kazekage pedir para que a menina fosse leal algumas vezes, mas no fundo a moça sabia que não iria poder segurar aquela promessa para sempre.

Por mais que ela queira continuar a treinar iryo ninjutsus, tinha em mente que não podia, pelo menos, não por enquanto. Possuía pouquíssimo tempo para treinar. Naquela semana de treinos iria focar-se apenas em jutsus mais ou menos essenciais e uteis – ou que pudessem a elevar a outro status social da área ninja, a qual atualmente ela pertencia aos loucos e retardados por fuuton.

Depois de ter se rendido ao seu vício após ter ficado quase ou mais de um mês sem colocar nem mesmo uma gota de álcool na boca, ela entrou em uma quase depressão passageira que a permitiu reavaliar seus planos e desejos. Já era hora de deixar de ser criança e tornar-se uma mulher com metas a serem cumpridas. Mesmo odiando o Hokage, algo veio em sua mente... Ele parecia ser alguém bem inteligente e vivido, perfeito para seus planos. De aldeia distante e neutra, o contato com a Kazekage seria estreito – exatamente o que a garota precisava para cumprir seus novos planos.

Com Kookai, River sentiu a confiança que precisava. Agora só faltava a promoção mesmo – não sabia o que a Kazekage tinha em mente, mas sentia que a promoção para Jounnin estava bem próxima.

Foi até a biblioteca no dia seguinte da bebedeira, mas só depois retirar toda a aparência acabada de ressaca. Calça jeans, all star negro e camiseta branca – uma aparência incomum para si. Ela foi imediatamente para a estante de Ninjutsus Avançados. Não havia nada de tão especial lá. A maioria dos pergaminhos estavam amassados, manchados e um pouco quebradiços. Era evidente a longa idade dos pergaminhos e o tempo em que estavam parados naquela estante imunda.

Segui imediatamente para um outro setor: Genjutsus Ativos e Passivos. Precisava de algo ativo dessa vez, mas não deixou de procurar algum tipo de Kai mais eficiente que o básico aprendido no início de sua vida como ninja oficial da vila. Após muito procurar, encontrou o Genjutsu no Kai - Jigyaku no Chakra, que parecia ser bem mais útil. Não hesitou em recolher o pergaminho, voltando simultaneamente a procurar dessa vez o ativo que precisava. Procurou na parte de até mesmo genjutsus de Hana ninpou, alguns bem interessantes, mas nenhum que a garota ainda pudesse aprender. Resolveu então procurar na área destinada a ANBUs, onde encontrou o Nehan Shouja no Jutsu. Mesmo não sendo tão ativo assim, poderia ser útil mais no futuro. Principalmente quando fosse fazer operações. Não iria precisar de tantas seringas para adormecer um paciente. Como jutsus eram importantes aqueles dias de conflito geral... Acolheu os três entre seus braços na altura dos fartos seios.

Passeando entre corredores idênticos cheios de pergaminhos e livros empoeirados, abraçava os pergaminhos já selecionados como se carregasse um ursinho bem fofo, com muita delicadeza e amor. Se pudesse, roubaria todos, e os colocaria em um lugar bem limpo onde poderiam durar mais alguns mil anos. Quem sabe um dia pediria a Kazekage um laboratório especial só para River guardar coisas e fazer pesquisas e talvez, não precisava mais utilizar o hospital público. Atenderia em seu próprio laboratório. Pensamento distante fez River acabar esbarrando em um armário de jutsus especiais aberto.

Jutsus Especiais cativavam a curiosidade da menina que não pensou duas vezes antes de pegar os dois primeiros pergaminhos do armário que viu, e sair de perto. Com pressa sem demorar sequer nervosismo, mantendo a calma total durante e depois do seu ato desonesto.

Em rumo para fora da Biblioteca com os quatro pergaminhos, acabou encontrando um perdido pelo chão, sem deixar os outros quatro cair, ela acolheu o pergaminho atirado e abriu com cuidado, se tratava de Hana Ninpou • Shuriken Hikarakuyou, bem interessante e ofensivo. Ainda tendo espaço para mais um, ela selecionou aquele também.

Sentiu um alivio quando saiu da biblioteca, indo em rumo ao mirante de suna, onde treinaria as técnicas escolhidas. Caminho curto, porém desgastante. Em todo o percurso, e ao chegar no mirante, River via vestígios deprimentes de jovens se acabando rapidamente – havia pelo menos meia dúzia, sendo metade desacordado, e alguns fumando. Bitucas de cigarros e garrafas – algumas quebradas, tornando o percurso um pouco perigoso -, camisinhas usadas podiam ser vistas facilmente por trás de bancos que deveriam ser um porto seguro para aqueles que buscam o silencio e a paz.

Ver o quão triste a vila se tornava com o passar do tempo, alimentava o desejo de liberdade da menina. Não podia deixar aquela chama no meio do oceano se apagar, e a luz nunca mais brilhar.

Sentou-se no banco, próximo a seringas usavas e garrafas fazias, ignorando aquela realidade plenamente. Abriu um dos pergaminhos misteriosos. Bijuu Rouheki estava lá. Um jutsu que não poderia aprender na prática, apenas na teoria, e isso que fez. Leu o pergaminho detalhadamente, diferente dos outros, ele era grande, haviam relatos, consequências, e tudo mais. A leitura era essencial e tendo em mente como funcionava o tipo de jutsu, no momento certo, teria que ver o que aconteceria. Apenas se um bijuu realmente atacasse a vila naquela situação ela poderia testar na pratica se realmente havia aprendido, já que por enquanto, era apenas a teoria que ela conhecia quase perfeitamente.

Sentiu a insegurança tocar sua pele e penetrar em seus poros, consequentemente arrepiando seus pelos. O medo de falhar era seu maior inimigo. Precisa se tornar ainda mais fria para alcançar um novo nível consigo mesma. E com a frieza, mais força. Apesar de que, não era sobre nada aquilo que seus antigos mestres e sua religião dizia. O amor era a chave, mas para River, era sua perdição. Entre a melancolia e jovens se perdendo pôde ver o quanto aquele mundo havia se tornado frio e sombrio, assim como o coração da moça por causa de seu medo. Suspirou.

Abriu o outro pergaminho desconhecido que roubou do armário, era outro Fuuinjutsu, o qual a forçou a voltar para a academia, buscar ninjas que possuíam uma invocação – até porque, a técnica era para remover o controle que o ninja possui sob sua invocação. Aquilo despertou interesse de River – era um tipo de Jutsu que era bem útil.

Durante sua busca pelos estreitos e longos corredores acabou esbarrando em um rapaz – que por acaso não tinha uma aparência nada agradável... mas o que importava naquela hora eram as habilidades em si que o rapaz poderia lhe oferecer. O rapaz topou ajudar River, duvidando de sua capacidade.

Antes de começar o treino prático, a menina rendeu-se à leitura novamente. Pesquisando mais sobre o jutsu na biblioteca limitada da academia – que misteriosamente possuía sobre o jutsu em alguns livros. Continuou até sentir-se disposta a concluir tal jutsu.

Encontrou-se novamente com o rapaz que imediatamente invocou um pombo cinza com manchas de óleo no pescoço, como um pombo normal da cidade grande. Sentiu vontade de rir daquela invocação, mas conteve-se já que, nem um pombo ela tinha para invocar.

Tentou executar algumas vinte vezes até conseguir o primeiro sinal de sucesso. O pombo saiu completamente do controle do rapaz, deixando-o de queixo caído. River virou-se e partiu, sem oferecer nenhuma satisfação para o jutsu que havia concluído.

Jutsu aprendido:

 

O fim daquele período cinzento já estava próximo, assim como a carga de treinos básicos de River. A pouco tempo, ela havia decidido um novo rumo. Seu destino estava traçado, e mesmo que desviasse por pelo menos um segundo daquele caminho, ela ainda sim daria o mesmo lugar. A morte era certa para o rumo que havia decidido seguir.

Na escuridão de seu barraco, podia ver claramente todos que mereciam desaparecer naquele mundo. Ethan, o Hokage, a Kazekage, as crianças da academia, os enfermeiros do hospital, ou todos os ninjas em geral, incluindo a própria River. Por segundos, podia sentir que, a única pessoa que deveria sumir naquele mundo era ela mesma. Mas não agora!

Levantou, e partiu, no meio da madrugada. Seguiu até a academia, onde subiu até o último andar e ficou esperando o primeiro raio da alvorada surgir junto com os primeiros ninjas para abrir a academia pela manhã. Não se importava mais com o frio que cobria o deserto, acostumou-se após as várias noites sem um apelo ao carinho ou um mero cobertor fino. Não entendia porque as autoridades não faziam nada pela periferia. Talvez ela estivesse muito ocupada assinando meros papeis. Seus olhos eram como os mesmos que a Kazekage a pouco tempo havia pedido para River implantar, mas não possuíam um poder. Aquela luz era natural que a menina descartaria facilmente em troca de poder. Um doujutsu qualquer.

Doujutsus era a base de sua inspiração momentânea. O sharingan, o que a pouco tempo teve contato direto, era famoso por poder executar genjutsus de alto nível. Aquela informação fez a menina querer aprender uma forma de escapar essa ameaça. Foi um dos motivos que no dia anterior havia selecionado um pergaminho na biblioteca municipal de Suna. Genjutsu no Kai - Jigyaku no Chakra era um outro tipo de Kai.

Dentro da Academia era possível encontrar todos os tipos de aprendizes. Todos dispostos a ajudar uns aos outros - era uma das coisas que River mais amava naquele lugar. Suspirou, feliz por aquilo não ter desaparecido, ainda.

Passeando pelos longos corredores estreitos da academia, acabou esbarrando em uma menina que estava justamente procurando alguém para ajudá-la a aprender um genjutsu em particular. Era Nehan Shouja no Jutsu. A menina prometeu ensinar o genjutsu a River caso River a ajudasse. Era uma via de mão dupla que River não podia recusar.

A menina perdeu um bom tempo lendo, enquanto River fez o mesmo com o Kai. Ambas pareciam terminar juntas sua leitura costumeira de pergaminhos antes de tentar qualquer coisa. Eram parecidas demais nesse ponto também.

A nova conhecida começou primeiro, e depois de umas cinco tentativas, River se encontrou no subconsciente, sem entender muito bem o que havia ocorrido. E então começou a tentar usar o Genjutsu no Kai - Jigyaku no Chakra, revertendo o fluxo de chakra dentro de seu corpo – River já havia aprendido a manipular o próprio chakra em vários treinos anteriores. Depois de duas tentativas, ela conseguiu despertar do genjutsu da menina. Ambas riram e trocaram de pergaminhos. Treinaram juntas, invertendo os papeis.

River conseguiu executar o genjutsu na decima terceira tentativa, e a menina, de primeira o Kai novo.  

Jutsu aprendido:

 

Seu ápice de treinos havia chegado e única coisa que ainda faltava era a defesa. Havia escolhido Suiton como seu meio de defesa e junto, alguns jutsus do arsenal da biblioteca geral de Sunagakure no Sato. Selecionou quatro dentre vários, a maioria baseado em defesa. E um de Fuuton – apenas para não perder o costume e a preferência especial pelo elemento vento. Só após aquele treino poderia apresentar-se para a Kazekage para um possível teste de graduação.

Não estava nem um pouco ansiosa, já estava quase acomodada naquela vida medíocre que Suna lhe oferecia – mesmo com seu interior em plena erupção, desejando uma vida melhor e mais estável... ela queria uma família de verdade. E onde conseguiria isso?

Aquele desejo começou após caçar alguns livros sobre seu antigo clã na biblioteca. Uzumaki’s estavam extintos a um bom tempo, assim como Senju’s. Em um livro, River encontrou algo como “Senju’s e Uzumaki’s mantiveram por anos a união por base do casamento entre si”. Onde encontraria um Senju naquele mundo onde ninguém revela o verdadeiro nome por puro medo? Desejava tanto seguir aquela normal antiga e prometeu para si mesma que, a partir daquele momento, só se casaria ou se renderia para um Senju – e nada mais.

Nas paredes de seu barraco, pintou alguns desenhos sobre faróis e casamentos. Aquela sina tornou-se sua luz, o brilho daquele sinalizador perdido no breu do oceano. No fundo, sabia que aquilo era um falso brilho e homem nenhum podia suprimir aquela falta, aquela profunda ausência. Já o oceano... sim, ele possuía as respostas que River tanto procurava sob o ar, mas jamais arriscava-se para aprofundar-se no vasto oceano que lhe rondava sempre em movimento. Nunca parado.

Uma noite antes de seu treino, afundou-se, além do que poderia... afundou-se nos colchões de baixa qualidade, enrolada em lençóis finos e suados. Sozinha, sentindo-se cada vez mais. Afundou em suas emoções, sentimentos não desvendados que fluíam a cada toque. A cada suspiro, pode ver que, o seu mundo, naquele mundo, não precisava ninguém desaparecer, apenas deixar fluir... Era perfeito do jeito que era. Afundou-se em lagrimas, no úmido de seus olhos e de suas pernas. A superfície lhe causava o sentimento de humilhação por ter mergulhado em um mar que, muitos, considerariam pervertido e imundo. Mas, onde está o mal de se afundar no próprio prazer? Seria tão ruim assim desejar o oceano lhe tomando por completo? Perder a consciência por meros segundos e encontrar o afeto que jamais recebeu de outro indivíduo? Ofegantemente, adormeceu, sonhando com o dia que esse afeto real viria de outra pessoa e não mais de suas próprias mãos.

Na manhã seguinte, sentiu a paz e a melancolia dos novos dias lhe abalarem de forma incomum. Sentia a calma que a paz lhe oferecia. E a melancolia que aquele oceano de pecados a marcava. Sorria, como uma menina normal de sua idade que acabara de chegar na escola, preste a encontrar os amigos que esperou um fim de semana inteiro para reencontrar. Ainda pensava na noite anterior... seria realmente aquela a sensação de querer se tornar uma mulher de verdade? Largar de vez as atividades descompromissadas e querer seguir com o clã da melhor forma possível? Não entendia muito bem, nunca teve uma mãe para lhe ensinar as coisas sobre a vida, a família, as responsabilidades e ainda de tudo, o amor. Temia errar, mas jamais acertaria sem errar pelo menos algumas vezes.

Naqueles pergaminhos, acolhidos em seus fartos seios, escondiam os jutsus cuidadosamente selecionados por River na mesma manhã. Carregava-os com confiança e timidez, alguns diriam que algum espirito havia incorporado no corpo da menina fria que conheceram durante aqueles longos anos em que River esteve em Suna. Mas não, nada havia ocorrido de especial. Mesmo com um comportamento mas feminino que o normal, a garota que estava preste a completar seus 18 anos de idade sabia que, aquela menina que naquele instante cruzava o longo e estreito corredor da academia não passava, nada além de si mesma, ou pelo menos, quem ela jamais deveria ter deixado de ser.

Deu bom dia a quase todos que cruzaram seu rumo confiante. O tom de sua voz estava doce, simpático e gostaria de manter aquele humor pelo resto do dia. Não era sempre que estava em paz. A paz que precisava as vezes para manter a estrutura daquele farol estável. Ele já não podia mais aguentar tantas ondas e tempestades, e cedo ou tarde desmoronaria. Se perderia naquele oceano de falsas esperanças. Afundando cada vez mais até um fim no abismo desconhecido encontrar e lá, padecer, afogando-se no próprio sangue e lagrimas.

Andou bastante até encontrar um setor onde jamais estivera: um grande lago sintético feito exatamente para novos estudantes aprenderem a manipular Suiton sem precisar sair da vila ou incomodar as pessoas na piscina municipal ou na piscina competitiva dos jogos olímpicos do mundo ninja –q.  

Abriu um sorriso largo, mostrando todos os dentes, seus olhos se iluminaram, como de uma criança que acabara de ganhar seu primeiro presente de natal. Finalmente encontrou a alegria que faltava para espantar aquela melancolia camuflada em seu sorriso meigo.

Colocou todos os pergaminhos em cima de uma mesa, entusiasmada. O cuidado que teve era evidente. Todos a observa curiosos – jamais haviam a visto tão alegre e sorridente. Pelo menos, não nos últimos terríveis meses. Decidiu começar pelos de Suiton mesmo. O primeiro escolhido foi Suiton - Haran Banshou – pois criava uma base perfeita para qualquer jutsu de água.  Andando pela agua por conta do Mizu no Kinobori, começou a concentrar-se. O chakra de manipulação de Suiton não era diferente do de Fuuton, a qual já era quase perita. Uma dança sensacional de chakras pelo seu corpo. Uma harmonia sem igual.  Poderia até mesmo dançar sob a piscina, seguindo o ritmo de Moonlight Serenade enquanto sentia aquela bela sintonia percorrer pelo seu corpo, como se ainda estivesse afundando-se naquele oceano de amargura que antes mergulhou hesitando a cada minuto. A cada segundo que sentia a ausência do ar em seus suspiros ofegantes.

A agua lhe propulsionava o mesmo sentimento, porém, sem a humilhação posterior ao ato. Sorria, cantarolando a bela canção que vinha em sua mente, enquanto, simultaneamente, o jutsu era executado com tamanha perfeição. Abriu os olhos, cancelando a técnica em seguida.

They say it’s Wonderful estava na ponta de sua língua, cantarolando as notas suaves perdidas com o tempo. Manipulava o vento e agua, fazendo-os rodopiar pelo ar. Com meros movimentos das mãos, moldou um homem de agua em sua frente – vestia roupas finas, onde um colete e suspensórios, uma manga esgaçada e um chapéu se destacava -, e em seguida uma mulher – cujo vestido de vento era lindíssimo, com detalhes de agua que animavam aquela bela valsa a cada rodopio apaixonado do casal. Ambos dançavam juntos aquela bela melodia que a garota não cansava de cantar ao vento. No fim, suspirou. Os dois espectros aquáticos se encontraram na superfície, desaparecendo para sempre. Uma observação era que, a voz de River, quando cantava com vontade, era apaixonante aos ouvidos alheios. Quase uma sereia.

Com poucos movimentos com as mãos, executou Suiton – Suijinheki, mas claro, havia tentado algumas vezes, fingindo estar apenas brincando. Sua felicidade transbordava como a agua do lago pelo salão. Em um canto, algumas pessoas observavam River como se fosse uma apresentação – e então, que seja uma, e ela era a protagonista.

Encontrou-se com a superfície da agua, sentando-se. Não se molhava, mas não se importaria se, seu corpo, ficasse inteiramente úmido. Se suas roupas ficassem transparentes. Ou se, afunda-se até o fundo daquela lagoa. A agua, agora, era uma aliada. Ou melhor. Era sua amiga das mais intimas. Ela tocava seu corpo nos pontos mais cruéis e lhe lavava por inteiro. Sua alma, talvez, fosse inteiramente do vento, mas seu coração. Seu corpo. Ah... eles sim, estavam entregues por completo para agua e a garota jamais se arrependeria disto.

Levantou-se, com folego para continuar aquela dança. E por aquele instante, deixou a agua penetrar em seu corpo, cobrindo-o sem umedece-lo; formando uma bela camada de suiton pelo seu corpo. Uma verdadeira armadura. Se aquilo fazia parte do espetáculo? Oh, claro que sim. Mizu no Yoroi era a técnica aprendida naquele segundo. Uma que não precisou de muitas tentativas, apenas a manipulação que já aprendera antes, e aquela concentração e conexão com a agua que havia formado naquele instante.

Aquela paz era a chave que precisava para ter acesso ao ponto máximo daquele farol. Com os olhos entreabertos podia ver somente o necessário: a agua em seu redor que estava sob total controle da menina. O poder. Algo que podia corromper o coração mais puro em questão de segundos. Porque sentia aquilo? Havia alguma coisa estranha... Seu mundo parecia escurecer diante aquele desejo por sangue que a menina tentava neutralizar. Flashes do rosto de seu mestre e tudo que havia em seu redor tornou-se puro sangue.

Assustou-se, afundando no lago. Pode sentir a agua lhe sufocar. Aquela era sua amiga? Inimiga? Quem era? Independente da resposta, a menina não iria deixar aquela magia terminar. Deixou escapar as últimas bolhas de ar antes de tomar impulso no solo de pedra do lago e subir para a superfície, tomando novamente a superfície como base para andar. Havia por pouco perdido o controle – o que jurou, naqueles segundos em baixo da agua, que jamais perderia novamente.

Voltou a concentrar-se o máximo possível, buscando a paz novamente, e aquela sintonia perfeita que possuía com a água. Novamente pode ver bolhas flutuar e riscos de agua dançar. Junto com seus braços, pode formar um escudo de agua usando tudo aquilo que flutuava em seu redor. Seu chakra parecia se expandir naquele ambiente. Nensuikai havia sido executado sem nenhum mistério.

Sorria meigamente de forma apaixonante. Seu cabelo estava úmido, apoiado em seus ombros. Para os expectadores, ali estava uma bela sereia de longos cabelos grisalhos e olhos luminosamente vermelhos sangue que brilhavam com certa intensidade e paixão por aquilo.

Faltava apenas um jutsu, mas esse não tinha muito a ver com suiton. Era um jutsu de Fuuton que, ainda usando aquela bela manipulação, River pode executar em três meras tentativas. Fuuton - Kaze no Tate formou o campo de chakra prometido, dando um efeito belíssimo em torno de toda aquela agua.

Quando ia saindo do lago, pode ouvir aplausos. Havia impressionado os poucos gennins que estavam ali aprendendo a manipular um elemento que não tinha nada a ver com aquela arrida vila. A única coisa que a menina deixou foi um sorriso e novamente um bom dia. Seu coração estava fervente, e sua mente fresca. Era hora de encontrar a Kazekage.

Jutsu aprendido: