Marchavam sempre a noite quando ainda se encontravam em países comuns, dormiam na parte da manhã, estocavam mantimentos e saiam como batedores na parte da tarde, isso poderia cansar qualquer um, e Frank se demonstrava frustrado por não poder utilizar a invocação para chegar lá as pressas. Certa noite o rapaz perguntará o porque de Alba não ter pressa em chegar lá, quando ela respondeu que não tinha pressa alguma em causar destruição na terra, mesmo que necessária, causou um desconforto no garoto que nunca mais falaram do assunto desde então.
Levaram duas semanas até que tudo se tornasse um grande mar de areia, quando isso aconteceu, tiveram que mudar a seu plano de marcha, agora marchavam ao entardecer, que era quando o sol e seu calor ainda existia, mas estava começando a dar lugar ao frio intermitente, a noite se aqueciam, por vezes encostavam-se em brasa morna para esquentar a pele, as tempestades de areia castigavam e atrasavam o avanço dos dois, mas embora avançassem apenas algumas milhas por dia, ainda estavam avançando, e iam pouco a pouco, vencendo a defesa natural que todas as vilas compartilhavam, as condições climáticas, que castigam os inaptos, demorou para que finalmente observassem parte da grande muralha de pedra, era tão grande que ainda deviam estar consideravelmente longe, mas ainda assim, era um alivio para ambos saber que não iam pelo caminho errado.
— Um mês. Depois de um longo mês finalmente chegamos. — Exclamou Frank, deixando o alivio em sua voz escapar.
— Seria bem menos se tivéssemos um mapa. — Fez notar Alba, com desinteresse.
— Não possuo memoria eidética, ela me serve, mas não fotografa os caminhos pelo qual passei quando criança. — Falou o rapaz, não estava bravo, apenas cansado — Estamos aqui de qualquer forma. Montaremos acampamento a meio quilometro da parte leste da muralha, iram nos perceber, mas com essas roupas, pensarão que somos pobres viajantes — A essa altura, as roupas de ambos eram panos velhos, rasgados, inundados de sujeira deixada pelas passagens de tempestades de areia, ou quando se enterravam para fugir das mais fortes, avançaram até o ponto decidido previamente e lá montaram acampamento, esgotaram as reservas de suplimentos alimentares que possuíam, uma batalha iria ser feita pela manhã, e não teria sentido guardar alimentos tendo o futuro incerto.
De manhã, Frank vestiu-se de um sobretudo negro, com um capuz, estava utilizando um monóculo no olho esquerdo, e tinha uma longa e densa barba que estava cultivando desde o inicio da viagem, nunca tinha sido visto em vida, não necessitava de um disfarce, mas ele estava jogando um jogo diferente, que só ele sabia. Percorreu o caminho calmamente, e quando chegou no portão, guardado por um único guarda, o atacou, ele não tinha muito treinamento, a vila tinha se tornado fraca desde que havia sido reconstruída, talvez seja por isso que nunca a atacam, Frank limitou-se a cravar uma haste negra no pescoço do guarda, que gritavam tão alto como o latido de um pitbull que cresceu mais do que deveria, chamando toda a atenção para a frente do portão.
— NINJAS DE SUNA, MORADORES DE SUNA. — Gritou Frank com um notável esforço — VOCÊS TEM 24 HORAS PARA ME APRESENTAR VOSSO LÍDER, 24 HORAS, OU EU DESTRUO A SUA VILA, TAL COMO FIZERAM A DEZ ANOS ATRÁS. — Fez uma pequena pausa para enfiar mais alguns centímetros da haste negra no pescoço do guarda, que voltava a guinchar, mais alto a cada milimetro que entrava em seu pescoço — NÃO DESEJO-LHES MAL ALGUM, IREI EMBORA COM UMA MORTE, MAS ELA TEM DE SER A DE SEU LÍDER, NADA MAIS, NADA MENOS. — Com isso, fez com que a haste entrasse mais dois centímetros, e enquanto sangue jorrava numa enorme poça, o guarda guinchou de novo, porém esta foi a ultima vez que iria gritar na sua vida.